sexta-feira, 25 de janeiro de 2008

Oriental de São Martinho vai levar musical ao palco - Diário XXI

Novos órgãos sociais tomaram posse quarta-feira

Campeonatos de pool e ténis de mesa estão entre as actividades desportivas previstas para este ano, garante o presidente reeleito. Mas o grande projecto é um musical, que deverá estrear em Abril
Liliana Machadinha

Os novos órgãos sociais do Centro Cultural e Desportivo (CCD) Oriental de São Martinho, na Covilhã, tomaram posse na última quarta-feira. O destaque para este mandato de um ano é um espectáculo musical que retrata a sociedade e os seus problemas, nomeadamente a toxicodependência ou o racismo, num guião que tem como personagens principais os adolescentes.
Francisco Mota ou “o La Féria do Oriental”, como os membros do CCD lhe chamam, é o guionista e ensaiador da obra, que deverá estrear em Abril ou Maio, no Teatro-Cine. Apesar de não adiantar um título, para aguçar a curiosidade aos possíveis espectadores conta que passa por demonstrar as “relações sociais entre dois grupos de jovens que são diferentes entre si e que, por isso, vão criar algumas fracturas”. Entre amores e desamores de adolescentes, Francisco Mota destaca ainda duas questões sociais que estarão em palco: o racismo e a toxicodependência. “Assuntos actuais com que todos nós temos de nos debater diariamente”, refere. Para “este” musical – “este” porque o Oriental pensa em repetir a experiência, adianta ao Diário XXI – não vai haver banda ao vivo, por uma questão financeira e logística. Mas a solução encontrada passa por recorrer a música “que novos e menos novos conhecem e que falam sobre os problemas abordados”, descreve. Sem pormenorizar, conta que são duas dezenas de músicas as apresentadas no programa, com uma duração de duas horas.

DIRIGENTES QUEREM MOSTRAR MUSICAL MAIS DO QUE UMA VEZ
Tratando-se de uma peça que transparece o dia-a-dia de adolescentes, reúne cerca de 50 jovens, dos 11 aos 18 anos, mas, no total, haverá 100 pessoas envolvidas no espectáculo. Uma iniciativa “grandiosa” e que representa os “maior destaque cultural” deste mandato, assume o ensaiador, que lamenta não poder fazer “algo assim” todos os anos. Com um orçamento que ronda, por actuação, 20.000 euros, refere que “há muitos assuntos ainda a tratar”, referentes a apoios e patrocínios, que acredita conseguir. Um valor “muito alto” para a colectividade e que, pela coragem da aposta, os dirigentes esperam levar à cena mais do que uma vez. “Estamos a pensá-lo para uma noite, mas poderia ser para mais. Será uma pena se tal não acontecer”, receia Francisco Mota. Mas para que o desejo se concretize são necessários mais apoios, ressalva, ao completar que “é um espectáculo raro na cidade e vai ter um grande impacto”.

Escrito desde 2004
História do Oriental
Francisco Mota escreveu o musical em pouco mais de um mês, apesar de já estar pensado “há muito tempo”, conta. Uma experiência repetida, porque é também autor de um outro musical sobre a fundação e crescimento do Oriental até aos dias de hoje. Pronto desde 2004, adianta que foi escrito para comemorar as bodas de ouro da colectividade, nesse ano. Mas não foi estreado porque, “na altura, não havia cabimento orçamental”, lamenta. Com textos e músicas totalmente originais, o “La Féria do Oriental” sustenta ainda o sonho de ver o espectáculo subir ao palco. “Fala de crianças que jogavam à bola com bola de trapos, que cresceram e se tornaram operários dos lanifícios e que, unidos por esse gosto do futebol, decidiram criar uma colectividade. Ou seja, a história do Oriental que é bonita e devia ser mostrada a todas as pessoas”, resume.

Desde cantares ao desporto
Continuidade assegurada
O Grupo de cantares “Trovas ao Luar”, as danças de salão, aulas de viola, ginástica ritmada e dança hip hop são alguns dos exemplos das actividades que António Franco, presidente reeleito, quer manter vivas. Para além destas, há ainda o grupo de teatro, que “parou porque o musical absorveu os membros”, explica Francisco Mota, responsável pela secção. O grupo, composto maioritariamente por reformados, tem uma peça praticamente preparada, que deveria ter sido estreada em Dezembro, o que não aconteceu devido aos ensaios do musical, “Gostaria de o reactivar e ainda criar um infantil”, adianta, ao acrescentar que “talvez em Julho” seja possível trazer ao placo a produção que os reformados têm em stand-by. Outra actividade que este responsável pretende retomar “noutros moldes” é o grupo coral infantil, que gravou um CD em 1999. No programa de iniciativas, o Oriental organiza com o III Festival Gimno-Rítmico e o IV Encontro de Música Tradicional, ainda sem datas previstas.

Câmara alvo de críticas
Dirigentes queixam-se de falta de apoios
Uma das actividades que mais atenções centra no Oriental é o Torneio Internacional de Ténis de Mesa Cidade da Covilhã, este ano na 16ª edição, apesar da prova ser organizada há 30 anos, mas parte numa dimensão distrital e nacional. Agendada para o fim-de-semana anterior à Páscoa, o evento deverá reunir cerca de 200 participantes do todo o mundo, uma vez que, para pontuarem no ranking, os atletas precisam de passar pelos torneios da prova. Uma competição que “traz reconhecimento ao Oriental, mas também à Covilhã e é pena a Câmara não apoiar”, critica de imediato António Franco. O presidente garante que todos os anos foi pedido um apoio, mas só para a edição de 2007 foi prometido um valor de 1.000 euros, pelo presidente da autarquia, “que nunca chegou”. Para este ano, o plano de acção está traçado: “Vamos pedir-lhe o deste ano e o do ano passado”, graceja, em jeito de aviso.

Processo iniciado no ano passado
Oriental quer ser entidade de utilidade pública
Outro dos objectivos do Oriental para este ano de mandato é terminar um processo que foi iniciado em Maio de 2007: Ser reconhecido como entidade de utilidade pública. “Só nos falta ser publicado em Diário da República, mas está demorado”, critica o presidente, que se queixa das “burocracias deste País”, acrescentando que contam com o aval positivo da Câmara covilhanense. Um reconhecimento que iria ajudar na recolha de apoios, realça Francisco Mota. “Até porque com certeza que conseguíamos mais apoios de privados, porque teriam também eles benefícios no Imposto sobre o Rendimento de Pessoas Colectivas (IRC).

Ficha Técnica
Nome: Centro Cultural e de Recreio do Oriental de São Martinho
Fundação: 29 de Julho de 1954
Morada: Rua Conselheiro Santos Viegas, nº 38 a 40, 6200-385 Covilhã
Sócios: 1004
Quota mensal: 0,30 para reformados e menores de idade; 0,35 para senhoras; 0,50 para homens
Site: www.oriental-sao-martinho.pt
Blogue: www.orientalsaomartinho.blogspot.com